domingo, 20 de maio de 2012

Casa Melro

Não fosse o Douro e a beleza natural envolvente, o Pinhão não passava de mais uma daquelas terriolas inóspitas sem qualquer interesse (mesmo para uma septuagenária inglesa que desembarca após um longo cruzeiro de um dia no Douro Azul). À primeira vista parece mesmo uma daquelas cidades do faroeste Americano, sem mais nada a não ser o carro do Xerife (entenda-se patrulha da GNR) e o Saloon (vulgo café central mas que aqui deverá ter outro nome). Debaixo de um calor tórrido e ensurdecedor, lá passa uma daquelas bolas de pelo pela estrada… À terceira visita à vila, não pude deixar de reparar numa peculiar loja mesmo na rua principal: a Casa Melro. Ao princípio reparei nela por ter confundido o nome Casa Melro com Casa Melo tal era o calor que deturpava o horizonte com ondas invisíveis. Por frações de segundo até julguei que o Sr. Melo se tivesse mudado para um sítio mais pacato… Desfiz-me do equívoco quando olhei para a montra: parecia a montra da loja da mãe do Né (para quem não conhece, é uma pequena loja com artigos de retrosaria: linhas, carrinhos de linhas, novelos, packs de novelos, novelos às cores, agulhas, conjuntos de agulhas de vários tamanhos e feitios, botões, botõezinhos, etc.). Não era, de todo, o tipo de loja que me cativa mas, ainda assim, espreitei. Qual não foi o meu espanto ao ver uma estante atrás do balcão dos queijos (sim, uma vitrine com queijos e enchidos) que ia até ao teto (talvez uns 4 metros de pé direito) cheia de tudo e mais alguma coisa. Havia de tudo! Panelas, tachos e talheres, botijas de gás para o campismo, esfregonas, baldes e detergentes, veneno dos ratos, ratoeiras, adubos, sementes e outros produtos de drogaria, pinceis, trinchas, rolos, tintas e vernizes, micro-ondas, torradeiras, liquidificadores, batedeiras e toda uma panóplia de acessórios de cozinha e eletrodomésticos, latas de atum, latas de sardinhas, latas de salsichas, latas de cogumelos, latas de feijão e muitos outros enlatados que não consegui identificar, especiarias de todo o género desde a pimenta ao caril, em pó em grão, com e sem moinho, café, cevada, chocolate em pó e em barra, bombons, bolachas, arroz e massa, pregos, parafusos, ferragens e ferramentas, etc… Aquilo era uma espécie de hipermercado concentrado com maxmat incluída. Entrei e atrevi-me a perguntar: “Tem congelados?”. Normalmente as drogarias ou retrosarias não vendem congelados mas, na verdade, eu ainda tinha uma esperança… “Tenho sim! Entrem por aqui por favor” – respondeu o homem com uma educação e um jeito especial que me fizeram lembrar o Camacho Costa na mercearia dele dos Malucos do Riso (podemos debater este assunto noutro tópico). De facto, havia uma arca congeladora atrás da loja com todo o tipo de congelados. Aquilo sim, era uma loja de conveniência. Se existir, o Melro tem. Da próxima vez que precisar de peças para o meu carro vou lá passar. Ele deve ter… Só não tem bichos da pesca, mas há de ter…

1 Comentários:

Blogger Luís Ribeiro disse...

Mas a pergunta que fica é :
- E tinha a "receita" como no Melo ?
Abraço

24 de maio de 2012 às 06:38  

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