O Natal de um Estado Laico
A implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, trouxe
consigo muitas novidades para além da nova bandeira e hino nacional. A laicização
do Estado foi decretada a 20 de Abril de 1911 por Afonso Costa. A ele devemos
agradecer o facto de podermos escolher e viver livremente qualquer religião.
Contudo, a religião Católica é, sem dúvida, a mais enraizada, consequência do
nosso passado histórico. Não é à toa que a maioria dos Monumentos Nacionais são
igrejas e que apenas são reconhecidos como feriados nacionais alguns dias
importantes no calendário Católico. O Natal é um desses dias. Para um ateu como
eu, o Natal é um dia destinado à família e, claro, à troca de prendas, na qual todos
esperamos sempre receber mais e melhores prendas do que aquelas que damos.
Apesar deste meu espírito natalício, não sou um consumista obsessivo,
característico da maior parte do povo português, que investe mais do que pode
nos shoppings, sob o propósito do Natal, quando nem sequer vão à missa do Galo.
Religioso que é religioso vai à missa do Galo! Desde 1 de Novembro que os
hipermercados e os shoppings incutem nas pessoas esta azáfama das compras. Toda
a gente corre como uns verdadeiros desalmados em busca do presente mais
ridículo para depois se refugiarem 3 dias em casa, juntos dos familiares, a
enfardar até não poder mais, julgando estarem a comemorar o Natal. Como consequência,
fecha tudo no dia 25. Não há sequer um café a não ser aqueles das máquinas da Universidade
Fernando Pessoa, viradas para a rua. É nestas alturas, enquanto tomo um desses
cafés, que penso: Então e os seguidores de outras religiões? Por causa do
Natal não têm direito a viver no dia 25, sujeitando-se a ser meros espectadores
da propaganda consumista e do degredo do enfarta brutos? As testemunhas de Jeová
(confesso que não sei de quê que são testemunhas, mas presumo que de nada mais
do que outra história bem contada com cerca de 2000 anos) refundem-se nas suas salas
de culto enquanto os Ramallah viram o cú p’ra Meca e o Reino de Deus tenta
comprar de novo o Coliseu. Porquê que esta gente não tem direito a ir ao
shopping no dia 25 de Dezembro? Os Católicos também podem ir ao shopping
durante o Ramadão e ninguém se incomoda com isso… É certo que muita desta gente
é um pouco estranha, mas se os reconhecem como cidadãos de Portugal, também
deviam garantir-lhes o direito à vida pública no dia 25 de Dezembro. Já
imaginaram como seria o Dolce Vita neste dia? Aqueles putos dos Jeová todos
engravatados a tentar imitar os pais com fatos pirosos a condizer com os das
suas esposas. O cheiro a chulé a entoar pelo shopping por causa da reza em
grupo dos Ramallah no sítio onde às vezes fazem aquelas merdas do step e da
aeróbica! Sabem que mais? Eu se fosse patrão escolhia os meus funcionários
consoante as suas crenças religiosas e pretensões sexuais. Assim garantia que
toda a gente podia usufruir dos serviços prestados pela minha empresa, em
qualquer altura do ano, sem correrem o risco de serem atendidos por uma bicha
sorridente…
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